Concentração durante o estudo.
16/11/2009 21:31Enquanto você lê este texto, um turbilhão de pensamentos ronda sua mente e pode desviar sua atenção em questão de segundos. Quando menos se espera, o foco já não está mais aqui. E sim nas contas a pagar, nos problemas de relacionamento, na festa do próximo fim de semana ou na noite passada. A falta de concentração é um problema sério na hora de estudar. Ela prejudica o aproveitamento do tempo e diminui consideravelmente a capacidade de aprendizado.
Antes que os mais distraídos se desesperem, especialistas garantem que é possível controlar esses “flashes” e, com isso, potencializar os estudos. “Basta conhecer como funciona o ato de prestar atenção”, simplifica o professor Espedito Oliveira, autor do livro recém-lançado Concentre-se e aprenda muito mais!. Ele explica que a concentração é uma habilidade que pode ser adquirida por qualquer pessoa. “Todos nós nascemos com a atenção perfeita. As preocupações que vão fazendo com que ela se perca”, diz.
Se existe um segredo para aprender a se concentrar bem, ele está revelado num ensinamento milenar budista: o de que é preciso fazer bem o que se propõe fazer em determinado momento. É tudo uma questão de vontade. O professor Espedito, que dá aulas de técnicas de estudo, diz que um estudante realmente disposto a estudar fica menos vulnerável às distrações e preocupações e facilmente consegue retomar a concentração. Para esses, os exercícios de memorização, com números, letras e imagens mentais, e as técnicas comportamentais servem apenas para reforçar o foco.
Luiz Melo, 20 anos, estuda cinco horas por dia, além de freqüentar as aulas no cursinho, e diz que está certo do que quer. Mas não esconde a dificuldade em se concentrar quando encara os livros. “Vou ao banheiro, dou uma volta e só depois retomo. Não tem como fugir disso”, comenta o concurseiro, de olho numa vaga para o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Para não perder o fio da meada, Edmara Costa, 26, adotou uma tática que, segundo ela, tem dado certo. “Eu leio uma página, paro para ver se realmente gravei o conteúdo, depois volto. Quando enjôo de ler, passo para a matemática”, relata a amazonense, que há dois meses se mudou para Brasília só para se preparar para concursos públicos.
A falta de concentração pode render frustrações. O que costuma prejudicar ainda mais a concentração. Sem o devido cuidado, o estudante pode cair num ciclo nada desejável. “A pessoa estuda muito, mas estuda mal. Ela se dedica muito tempo, mas não tem essa dedicação recompensada”, conta o psicólogo Geison Isidro, que desenvolve um programa para aumentar o rendimento de estudos dos pacientes. As técnicas ajudam na identificação dos fatores distrativos.
Aprender a se concentrar exige, em muitos casos, uma mudança de paradigmas. No caso dos concurseiros que largam tudo para estudar, o risco de a atenção ser perdida a todo instante é alto. “O aluno pode conseguir estudar dois, três meses bem, mas depois vai começar a perceber que a concentração está afetada”, adianta Isidro. “A vida da pessoa não pode está voltada somente aos estudos, senão o cérebro se enche muito fácil. Ela vai precisar de momentos de descontração”, completa.
Muitos estudantes encontram na possibilidade de serem hiperativos ou de terem um distúrbio de déficit de atenção a desculpa para a dificuldade em se concentrar. O psicólogo Geison Isidro, no entanto, diz que esses transtornos estão em moda. E que não dá para criar uma relação entre eles e a falta de concentração. “A concentração pode ser treinada e isso começa pela definição de um objetivo. Quando a pessoa estabelece uma meta, ela vai conseguir estudar mesmo que tenha problemas”, defende.
Além dos fatores pessoais de cada um, a televisão ligada, uma conversa paralela ou mesmo a geladeira cheia de guloseimas também costumam influenciar na atenção dos estudantes. Não existem regras para o ambiente de estudo ideal. O importante é identificar as melhores condições para a absorção do conhecimento. Se ouvir música, por exemplo, ajuda de alguma forma na concentração, não há problema.
Os exercícios de ioga são aliados dos estudantes. Os adeptos da filosofia prometem que as posturas, os alongamentos e as meditações descansam o cérebro e o prepara para gravar melhor o conteúdo estudado. “O estudante já vai estudar com a cabeça tão cheia de coisa que não assimila nada daquilo que está vendo. Os exercícios de ioga fazem o papel de limpar o cérebro”, relata Maria Luiza Leão Fonseca, professora de ioga há 25 anos. Ela conta que já teve muitos alunos que obtiveram êxito em concursos. “Quem faz ioga repõe energia”, ressalta.
Dicas de concentração
- Encontre um momento para relaxar, meditar ou fazer exercícios de alongamento.
- Uma boa respiração ajuda a oxigenar melhor o cérebro e, conseqüentemente, facilita a absorção do conhecimento.
- Evite tomar medicamentos para melhorar a concentração.
- Trace metas e objetivos que impulsionem os estudos.
- Reserve momentos de distração. Saia com amigos, vá ao cinema, ao teatro ou dê uma volta no parque.
- Encontre o seu melhor ambiente de estudo. Você pode estudar em casa ou em bibliotecas, com a televisão ligada ou desligada. Não existem regras. O importante é estar atento à capacidade de absorção.
- Pare uma média de 15 minutos a cada uma hora de estudo para tomar água, ir ao banheiro ou somente esticar as pernas.
- Procure criar imagens, dar significados às palavras e ao conteúdo estudado. Existem livros e cursos que abordam esse assunto.
- Faça bem o que você se propõe a fazer em determinado momento. Cada hora, cada dia tem o seu cuidado.
- Se a dificuldade em se concentrar for incontrolável, procure um psicólogo.
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